Em uma aldeia africana, seis garotas fogem do "ritual de purificação" que seria a mutilação do clitóris, duas se suicidam em um poço local, e as outras quatro buscam abrigo na casa de Collé, uma mulher que não permitiu que sua filha fosse mutilada. Tentando proteger as meninas, Collé clama por Moolaadé ( proteção sagrada), e para isso terá que enfrentar toda a aldeia e até mesmo a violência de seu marido. Filme africano dirigido por Ousmane Sembene (A Negra de...)
Devo dizer que este filme foi ricamente construído pois consegue colocar o telespectador em contato com outra cultura sem que isso se torne enfadonho ou algo parecido. Nós vemos uma pequena aldeia com suas próprias leis, onde o machismo e as superstições imperam, mas apesar de toda a precariedade do local, as mulheres procuravam se manter informadas através dos seus rádios.
Particularmente gostei desse filme por dois motivos. O primeiro por abordar um assunto tão horrível que é a mutilação clitoriana, e que acontece em alguns países da África e Ásia. Ao contrário do que muitos pensam, este é um costume tribal e nada tem a ver com religião. E por que é tão horrível? Porque priva a mulher de ter uma vida sexual saudável, ela tem seu clitóris amputado, é impedida de sentir prazer, isso para garantir um marido, garantir a castidade e garantir que seja fiel ao marido.
Segundo porque achei o filme bastante feminista. São as mulheres que vão lutar contra a mutilação e desmistificar que esta prática é uma imposição do Islamismo, mesmo que para isso elas tenham seus rádios confiscados pelos homens em uma típica tentativa de alienar suas mulheres e fazer valer a força masculina.
Collé: mulher de fibra que enfrenta as tradições para salvar sua filha e as quatro garotas. Deixa-se chicotear pelo marido na frente de toda a aldeia e mesmo assim se mantém firme na decisão de não retirar o Moolaadé, ganhando o respeito das mulheres da tribo e por que não dizer, o meu também?
Muitos podem dizer que esta prática é cultural, e de fato é. Mas não podemos nos esquecer que muitas meninas morrem, sendo assim, tudo que provoca sofrimento alheio precisa e deve ser mudado. Acredito que o filme de Ousmane Sembene seja um grito em nome de todas as mulheres mutiladas, e mais ainda! Um alerta para que o mundo volte seu olhar para uma região tão esquecida como a África.
"Nenhuma menina será mais cortada!"
Lidiana!
ResponderExcluirHoje que eu voltei a levar seus textos para o blog de cinema. Minha vida pessoal está estressante... E para piorar a internet (Oi Velox) tem caído muito. O que atrasa e muito minha vida por ela.
Beijos,
Valéria Miguez,