terça-feira, 13 de março de 2012

Sete Dias com Marylin - 2011



Drama dirigido por Simon Curtis e estrelado por Michelle Williams, Eddie Redmayne e Kenneth Branagah.
Marylin (Williams) esta em Londres para filmar "O Príncipe Encantado" dirigido pelo também ator Laurence Olivier (Branagah), e é na Inglaterra que o jovem assistente de Olivier Colin Clark (Redmayne), conhece e se apaixona pela mulher mais sexy do mundo.
Primeiramente devo dizer que não conheço a vida de Marylin Monroe. Particularmente, sempre a considerei apenas uma sexy simbol fabricada por Hollwood, e o único filme que tive a oportunidade de assistir foi "O Pecado mora ao lado", a película com a famosa cena de Marylin segurando um vestido branco.
Em Sete Dias com Marylin, nos deparamos com uma mulher totalmente diferente daquela que aparecia nas telas dos cinemas e nas revistas. Marylin é vulnerável, inconstante, precisa o tempo todo de alguém para protegê-la e dizer-lhe o quão boa atriz era.
Michelle Williams fez um trabalho excepcional! Ela consegue transmitir toda a fragilidade, docilidade e sensualidade que a personagem exige apenas com o olhar. É claro que há  todo o trabalho de caracterização, visto que Williams ficou bastante parecida com Marylin, no entanto, sua atuação merece ser reconhecida. Michelle Williams revela-se aqui como uma das maiores atrizes de sua geração!


Basicamente o filme mostra o outro lado de Monroe que talvez o mundo ainda não saiba: uma criança brincando de ser mulher sensual, lidando com as pressões e exigências de um diretor duro, e que aos seus olhos era apenas uma estrela de cinema, não uma atriz. Não é uma cinebiografia. O filme é sobre um período da vida de uma mulher, não a atriz.
Colin, o jovem assistente se vê seduzido por Marylin. E quem não se sentia seduzido? O mundo inteiro amava aquela mulher, Marylin era inconsequentemente sedutora. O que Colin não esperava, era se deparar com um ser humano inseguro com seu desempenho, viciado em pílulas e totalmente quebradiço. Uma menina, apenas uma menina.


Sete dias com Marylin não é um grande filme, mas revela uma grande atriz: Michelle Williams. E há de se considerar também seu valor histórico, já que foi baseado no diário de Colin Clark.
Para você que é fã da eterna diva, vale à pena conferir!

domingo, 11 de março de 2012

Histórias Cruzadas - 2011



Baseado no best seller de Katheryn Stockett, o diretor e roteirista Tate Taylor traz uma adaptação para os cinemas de uma história que encanta e emociona.
Histórias Cruzadas (The Help), é ambientado na década de 60, no estado do Mississipi. Uma época marcada por lutas e racismo.
Skeeter (Ema Stone), é uma jovem idealista que sonha em ser escritora, e consegue um emprego no jornal local. Sua prioridade era sua profissão, enquanto para as outras mulheres, o que importava era casamento e aparências. Skeeter, vendo a forma como eram tratadas as empregadas domésticas (todas negras), vê em suas mãos a chance de escrever sobre algo que realmente lhe interessava e incomodava.
E é com a empregada Aibellen (Viola Davis, fantástica!), que ela começa a redigir as histórias dessas mulheres que viviam sobre constantes ameaças. Com medo de serem descobertas, as mulheres se reuniam na casa de Aibellen, já que qualquer ato considerado incitação à igualdade entre brancos e negros, era crime.


Como já dito no início da resenha, o filme encanta e emociona, mas sem partir para pieguice ou sentimentalismo barato. Ficamos estarrecidos ao ver como os negros eram tratados, em especial, as empregadas domésticas.
Oriundas de famílias pobres, as garotas negras já nasciam sabendo o que seriam: empregadas. Criavam os filhos dos brancos, amavam e recebiam amor dessas crianças, para mais tarde servirem-nas como suas criadas, ou serem mandadas embora pelo menor deslize, sem consideração alguma, após anos de dedicação.
Os banheiros eram separados. Elas não podiam usar os banheiros dos patrões, nem talheres, copos e pratos, e Hilly Holbroock (Bruce Dallas Howard), encarregava-se de fiscalizar e manter tanto empregadas quanto amigas ali, sob suas rédeas, já que era presidente da liga júnior, e é por trás de um moralismo travestido de cuidado com as famílias brancas locais, que Holly aproveita para realizar seus atos mais detestáveis.
No entanto, não eram somente os negros vítimas do preconceito. Celia, uma personagem aparentemente fútil e vulgar, não era bem quista entre as mulheres locais por ter se casado grávida e com um ex-namorado de Holly. Mas quando Minny (Octavia Spencer), vai trabalhar em sua casa, percebemos uma mulher dócil, ingênua e humana, era como as crianças que Aibellen criou, ou seja, não se importava com a distinção entre cores de pele.
Interessante observar que não eram somente as empregadas submissas às suas patroas e maridos. As mulheres brancas também eram submissas a um mundo de aparências, um mundo em que o prestígio e bom nome contavam mais que ser justo, generoso e verdadeiro.


Aliás, o filme é justamente sobre verdade. A verdade que pode libertar um ser humano aprisionado e subjugado aos mais diversos tipos de humilhações. E é assim que os negros se sentem quando o livro é publicado: livres! Foi um verdadeiro soco no estômago de uma sociedade tão hipócrita e vazia.
As personagens foram muito bem construídas, e isso resultou em um drama com pitadas de comédia que te prende do início ao fim. É muito mais que um filme sobre racismo, é sobre força feminina, coragem, amizade e ajuda.


"Você é gentil, você é inteligente, você é importante"

quarta-feira, 7 de março de 2012

Incêndios - 2010


Drama canadense dirigido por Dennis Villeneuve e estrelado por Rémy Girard, Lubna Azabal e Mohamed Majd.
A história de dois irmãos gêmeos tentando realizar o desejo da mãe após sua morte. No testamento, Narwal Marwan diz que quer ser enterrada nua, sem caixão, sem lápide e nem funeral. "Nenhuma lápide será colocada para aqueles que não cumprem suas promessas". E diz ainda que Jeanne deveria encontrar o pai, e Simon o irmão desaparecido. Para cumprirem a missão designada pela mãe, ambos vão parar na Palestina, inciando assim uma investigação sobre suas vidas e sobre a mãe.


Primeiramente devo dizer que tive de refletir muito para escrever sobre este filme. Sabem aqueles filmes que quando terminam, você olha os créditos finais e mesmo assim não consegue se desligar? Incêndios fez isso comigo. Um excelente drama sobre verdade, força, perdão e obstinação.
E todos esses adjetivos não cabem somente ao filme, mas a uma mulher: Narwal Marwan, que teve a audácia de enfrentar a família para viver um amor, teve de doar seu filho e prometer a si mesma que jamais desistiria de encontrá-lo.
Enquanto os gêmeos caminham pelas áridas paisagens do oriente médio procurando pistas sobre o pai e o irmão, a história da mãe vai sendo contada. Não há como não sentir admiração por essa personagem que consegue forças para superar a perda de um filho, se envolver em uma guerrilha e viver 15 anos em uma prisão sendo torturada constantemente. Esta, é "a mulher que canta".
Aos poucos os mistérios vão sendo desvendados, e a cada pergunta respondida, uma surpresa para os irmãos e para o espectador que assiste tudo admirado, fascinado e louco para saber quem é a misteriosa Narwal Marwan.
Narwal Marwan é sem dúvida alguma uma heroína como há muito tempo não via. Sua história de vida é apaixonante, e o diretor conseguiu transmitir isso com muita competência! A força da mulher que sonha, que não teme, que canta e encanta.


Incêndios queima a alma com a verdade, com o passado ignorado, com a crueldade e injustiça expostas para serem digeridas pelos protagonistas e pelo espectador.

"Jeanne, um mais um pode ser um?'

Link para assistir online: Incêndios


Cotação: 5 estrelas 

Fatal


"Fatal", baseado na obra do escritor Philip Roth e dirigido pela cineasta espanhola Isabel Coixet, diretora de outras películas como: "Minha vida sem mim", "A vida secreta das palavras", conta a história de David Kepesh, brilhantemente interpretado pelo ator Ben Kingsley.
David é um renomado professor universitário, crítico de arte e que sente  seu ego inflado por saber que é objeto de desejo de suas alunas (necessidade de autoafirmação). Toda essa confiança cai por terra no dia em que ele conhece Consuela Castillo (Penélope Cruz, que quando bem dirigida consegue convencer), uma jovem segura de si, inteligente e bonita.
Eis que o professor de meia idade se vê envolvido com a jovem quase 30 anos mais jovem. David se torna inseguro não só pela idade, mas porque ele sabia que aquele relacionamento chegaria ao fim, já que ele não conseguia manter uma relação estável com nenhuma mulher.
David vive essa paixão. Sua vida encontra-se em total desiquilíbrio, ele teme um futuro com Consuela, sente que esta envelhecendo, e segundo ele mesmo diz: "Consuela tem toda a vida pela frente." E ele não? 
Apesar do filme mostrar toda a insegurança de David, o que para o expectador é bastante compreensível, compreendemos também o lado de Consuela. Jovem, linda e quer viver essa paixão, a diferença de idade nunca foi um obstáculo para ela, pelo contrário, ao lado de David, ela se sente segura, se sente amada.


Então, o que impediria esse romance? Bem, David tem um caso puramente sexual com uma mulher há mais de 20 anos. Ela é seu alicerce, é ela quem oferece o equilíbrio que David necessita, ela traz a segurança para o homem que precisa se autoafirmar o tempo todo.
Em outro momento do filme, este equilíbrio também é demonstrado quando George (Denis Hopper), melhor amigo de David, e que foi infiel a vida inteira, adoece e se vê sob os cuidados da esposa traída. Será isso então que os homens precisam? Alguém que não coloque em xeque seus sentimentos, desempenho sexual, suas vidas perfeitamente planejadas? E a mulher? Do que ela precisa?
A relação com o filho é algo delicado. O filho, um homem já feito, casado, médico, culpa o pai por ter abandonado o lar. Essa relação foi pouco explorada porque não fica claro se David tentou realmente uma aproximação com o filho. A grande questão, é que quando o rapaz questiona esse abandono, David é categórico: "fui honesto". E de fato o foi, foi honesto com sua ex-mulher e consigo mesmo. Mas fica a pergunta: estaria ele sendo honesto com Consuela e com seus sentimentos? Se escondendo atrás da insegurança e do medo de envelhecer?
Um outro ponto que pode ser discutido é sobre a beleza da mulher. "As mulheres bonitas são invisíveis". E são mesmo! Vistas como objetos sexuais, alguém para se passar uma noite e depois se gabar com os amigos, ninguém sabe como são solitárias, que choram à noite, e que são também apreciadoras da arte (no caso de Consuela).
Esses são apenas alguns pontos que podem ser discutidos, vale ressaltar que cinema é algo subjetivo e talvez essas questões levantadas podem ter passado despercebidas para quem já assistiu. No entanto, fica a dica para quem gosta de refletir sobre o medo de amar, a fraqueza do ser humano e sua insegurança.

terça-feira, 6 de março de 2012

O Bullying nos cinemas



Dentre as várias manifestações artísticas que possuímos, o cinema é a que mais consegue atingir um número maior de pessoas independente do nível social, religião, raça ou sexo. Por ser o mais popular, em termos de acessibilidade, o cinema pode ser visto como entretenimento, fonte de reflexão ou ambos.
Sabe-se que fatos da vida real inspiram roteiristas a criarem suas películas e no caso do Bullying não é diferente, pois foram analisados dois filmes com esta temática: Tiros em Columbine de Michael Moore, 2002 e Bang, Bang! Você morreu! de Guy Ferland 2002, pelo fato de que, no primeiro trata-se de um documentário sobre o massacre ocorrido na Columbine High School, na cidade de Littleton, Colorado, e o segundo por ser baseado em uma peça homônima que mostra de forma explícita o Bullying nas escolas americanas.
O documentário do cineasta Michael Moore, lançado em 2002, investiga o que motivou dois jovens do ensino médio, Erick Harris com 18 anos e Dylan Klebold de 17 anos, a entrarem armados no colégio e assassinarem 12 estudantes, 01 professor, deixarem mais de 20 pessoas feridas e suicidarem-se em seguida. Moore investigou tão a fundo o caso que o documentário mostra de forma explícita como é fácil conseguir uma arma nos Estados Unidos e como funciona a cultura bélica americana.
No decorrer da película ele também entrevista alunos que estudavam e que presenciaram o massacre, inclusive o roqueiro Marlyn Manson, que foi considerado bode expiatório já que os dois jovens em questão ouviam suas músicas.  Manson ficou dois anos sem poder ir ao estado do Colorado. Em entrevista presente no documentário, Michael Moore pergunta a Manson o que ele falaria para os estudantes de Columbine. O músico categoricamente responde: "Eu não diria nada. Eu apenas os ouviria. Coisa que certamente ninguém nunca fez."


Moore também entrevista o criador do desenho South Park, Matt Stone que estudou na mesma escola onde ocorreu o massacre. Stone aborda os maus tratos que ele sofreu no colégio e os que os dois jovens também sofreram, pois segundo as investigações, Erick e Dylan eram constantemente humilhados e excluídos pelos colegas. Stone diz:

"Você acredita na escola e nos alunos, mas os professores, conselheiros e diretores não cooperam. Eles nos obrigam a ir bem na escola dizendo: 'se fracassar agora, será um fracassado para sempre'. Todos chamavam Erick e Dylan de bichas. Eles pensavam: ' se sou bicha agora, serei para sempre'.
Quem dera alguém tivesse dito a eles: 'Cara o colegial não é o fim. Falta um ano, um ano e meio. Você ainda vai morar sozinho'. Já na sexta série eles começam a martelar na sua cabeça: 'Não erre, pois se errar, morrerá pobre e sozinho'. E você pensa: ' o que serei agora, serei para sempre'. É totalmente o contrário, muitos maus alunos se dão bem depois. Se tivessem falado com eles, isso não teria acontecido."


É fato que Michael Moore é sensacionalista, pelo menos para mim. No entanto, o documentário é bastante pertinente para se trabalhar em sala de aula sobretudo com alunos do ensino médio.



Já em Bang, Bang! Você Morreu!, dirigido por Guy Ferland de 2002, é baseado na peça homônima do escritor americano William Mastrosimone lançada em 1999, e que coincidentemente ou não, foi encenada pela primeira vez em Oregon, onze dias antes do massacre de Columbine. 


O filme conta a história de Trevor Adams, um jovem estudante do ensino médio, considerado bom aluno, e que após ter sido arremessado em uma lixeira, por alguns integrantes do time de futebol americano da escola, muda seu comportamento e decide fabricar uma bomba ameaçando explodir um dos prédios da escola. Apesar da bobam ser de mentira, isso causou pânico generalizado na cidade.
Trevor passa então a ser descriminado por colegas, professores, vizinhança e até mesmo pelos pais. A única pessoa que o apoiava era o professor de cinema e tetro Sr. Duncan, que propõe aos alunos encenarem a peça "Bang, Bang! Você morreu!". No entanto, a peça não é bem vista pela comunidade, simplesmente pelo fato de o título remeter a um ato de violência e também porque o professor queria que Trevor fosse o protagonista, ou seja, o assassino.
O que a maioria dos professores não entendia, é que o objetivo do professor era fazer com que Trevor se encontrasse no personagem e descobrisse os reais motivos que o levaram a cometer a ameaça, mas principalmente, descobrisse os reais motivos que não o permitiram com que ele fosse adiante. A comunidade em geral acreditava que Trevor ao encenar a peça, poderia efetivamente se tornar um assassino, tal qual o personagem Josh da peça.
Em uma das cenas, é mostrado aos gestores da escola um vídeo feito por Trevor em que ele diz: "um empurrãozinho diante dos outros garotos, é algo muito relevante...especialmente quando você sabe que vai acontecer todos os dias. Você fica quase aliviado quando acontece..."


Vale ressaltar que em termos técnicos, ambos os filmes não apresentam mega produções e no caso de Bang, Bang! Você morreu! Nenhuma atuação é relevante. Mas fica a dica para professores interessados em discutir o tema com os alunos, pois tanto o documentário quanto o filme, trazem reflexões que podem ser debatidas em sala de aula.

Borderline: Além dos Limites - 2008


Filme canadense da diretora Lyne Charlebois realizado no ano de 2008, estrelado pela fantástica atriz Isabelle Blais, conta  a história de Kiki, uma jovem mulher que aos 30 anos de idade tenta encontrar um equilíbrio para sua vida. Com a mãe internada em um hospital psiquiátrico e avó doente, Kiki tem  flashbacks de sua infância e adolescência sempre regada à bebida e sexo. E diante do caos que se encontra, precisa ainda terminar seu romance, cujo orientador é também seu amante.
Logo na primeira cena já ficamos apaixonados por Isabelle Blais e sua Kiki. Uma mulher inteligente, sagaz, de humor mórbido tentando se descobrir o tempo todo. Os diálogos são envolventes e inteligentes, e creio que Isabelle Blais merecia uma premiação por sua excelente atuação.
Faz frio durante todo o filme. Kiki caminha com seu cachorro na neve, e é como se sua alma fosse tão fria quanto o próprio clima, e a impressão que temos é a de que Kiki quer a todo custo fugir desse caos, sempre quis, até mesmo na adolescência quando se entregou à bebida e ao sexo desregrado na esperança de esquecer quem era.


Diferente de "Garota Interrompida", cujo personagem de Winona Rider é diagnosticado com Transtorno de Personalidade Borderline, o filme pouco fala sobre o assunto, ou quase nada. O único momento em que o transtorno é retratado é em um pequeno diálogo entre Winona e sua enfermeira, quando enfim ela consegue entender o que se passa.
Em Borderline: Sem Limites é diferente. Em momento algum vemos a palavra "borderline", e nem é preciso. O comportamento de Kiki já denuncia uma personalidade que esta sempre nos extremos, na borda dos sentimentos, na fronteira.
Suas angústias e seu drama são tão intensos, que as cenas de sexo e nudez ficam em segundo plano, embora sejam importantes para o enredo do filme, o que queremos mesmo é saber o que se acontece com Kiki, suas reações, seus pensamentos, sua essência.
Filme altamente recomendável para borderlines, parentes e amigos de borderlines e para aqueles que buscam incessantemente o autoconhecimento.
Link para assistir online: Borderline - Além dos Limites
Cotação: 5 estrelas