sábado, 30 de março de 2013

Shame - 2011


Na trama dirigida por Steve McQueen (Hunger), Brandon ( Michael Fassbander) é um homem bem sucedido que mora em Nova York e possui seu próprio apartamento. Brandon tem problemas com sua vida sexual, e além de ter que lidar consigo mesmo, precisa lidar com as exigências do chefe e com a irmã mais nova Sissy ( Carey Mulligan que esta estupenda!), e que precisa do seu apoio.
Devo dizer que o filme não é para qualquer um. E não é mesmo! Li várias críticas e por incrível que pareça, a compulsão sexual ainda é tratada como tabu, para muitos Brandon é apenas um homem solteiro que quer aproveitar a vida. No entanto, basta ter um olhar mais crítico e logo percebemos que o personagem é vazio, gélido como o inverno novaiorquino. O único elo sentimental que Brandon tem é com sua irmã Sissy, mas ele logo a vê como uma ameaça para suas fugas, suas visitas constantes a sites eróticos, as prostitutas, as masturbações...


Sim, tudo isso é mostrado de forma explícita, mas não erótica. Isso porque Fassbander conseguiu transmitir apenas com o olhar um sofrimento e desespero, sentimentos que nos causam piedade, tanta piedade que as cenas de nu frontal e sexo não chocam. Brandon esta doente, esta viciado tal qual um viciado em drogas.
Carey Mulligan deu vida a Sissy. Uma personagem instável que quer cuidar e ser cuidada, mas Brandon a despreza porque segundo ele: "você me encurrala". Isso porque ela descobre seu grande segredo, ninguém imaginava que aquele homem bonito, de hábitos saudáveis e financeiramente bem resolvido pudesse ser tão infeliz. Mesmo o filme não tendo muitos diálogos, Brandon não admite que tem um problema, talvez por vergonha, daí o nome do filme: "Shame".


Sem dúvidas a cena mais bonita é quando Brandon vai assistir a uma apresentação de sua irmã, e ela canta New York New York, fazendo-o chorar, e aí podemos nos perguntar: será que esta chorando de orgulho da irmã? Ou a música o fez lembrar de sua solidão patológica? O fato é que os irmãos são pessoas completamente diferentes, embora sejam conflituosas. Brandon é frio. Sissy é quente. Brandon é distante, Sissy é intensa. Mas nessa estranha oposição, existe lugar para o amor entre os dois.
Uma outra crítica que li dizia que o final é ambíguo. Discordo. O final é aquele mesmo, cru, realista, o final de uma pessoa que não buscou sua melhora, não podia ter sido outro. 


Então por que essa história precisava ser contada? Porque trata-se de um vício, assim como o vício pelas drogas, álcool, etc. Não estou falando aqui de um homem de 30 anos solteiro e que quer transar com todas as mulheres que aparecem. Refiro-me a uma patologia que causa sofrimento, e muito me espantou a reação das pessoas com relação à compulsão sexual. Vejo uma discriminação muito grande, um certo ar de deboche ao se referir ao personagem e que provavelmente poderia ser transferido para uma pessoa com tal patologia.
Se você não esta preparado para lidar com conflitos reais que os seres humanos enfrentam, então eu não recomendo Shame. Assista Crepúsculo e seja feliz!

Um comentário:

  1. O filme é muito bom. Interpretações excelentes de Michael Fassbender e Carey Mulligan. Ela, por sinal, deu um show à parte com sua interpretação melancólica e quase trágica de uma música otimista e alegre, marca registrada de Sinatra. Parabéns pela review, Lidiana!

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