segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Harvey: Nove minutos para desmistificar o mito do amor romântico


Curta-metragem canadense de 2001 dirigido por Peter Mcdonald que com pouco mais de nove minutos mostra o sofrimento de um homem incompleto, e que vê na sua vizinha a possibilidade de se sentir inteiro.
Devo dizer que Peter Mcdonald foi realmente um gênio em abrir um leque de interpretações para um curta que tem apenas nove minutos. E isso não é mostrado de forma simples. Minto! É mostrado de uma forma estranhamente simples.
Todo o filme foi rodado em preto e branco, isso contribuiu ainda mais para absorvermos o sofrimento de uma alma atormentada presa na solidão, pedindo desesperadamente que alguém a ajude, que a tire do abismo profundo e escuro. É isso que você vê na primeira cena: um homem preso em um quarto escuro pedindo socorro para sua vizinha. Ela entra assustada para seu apartamento e cumpre com suas obrigações.
Mais à frente vemos que o homem esta literalmente pela metade, como se tivesse sido cortado, e é exatamente esta vizinha que ele escolha para ser sua outra metade subjugando-a, forçando a uma situação que ela não queria.
Por que Peter Mcdonald desmistifica o amor romântico? Ora, no amor romântico sempre existe o "mito" da minha metade, "preciso encontrar alguém que me complete", e o diretor coloca abaixo essa visão pueril sem falas e com apenas nove minutos.
Algumas pessoas podem ficar chocadas, as mais sensíveis, as mais românticas, mas basta analisarmos a obra racionalmente para percebermos que essa "metade" não existe, ela é utópica.
Se você acredita que outra pessoa possa te completar, isso é quase como escravizar o outro, forçar o outro a te amar a qualquer custo. Se duas metades se unem, sempre sobra alguma coisa. E a pergunta que o filme nos leva a fazer é: "o que falta em mim?''
Não caros leitores, não estou escrevendo nada contra o amor. Pelo contrário! Eu o defendo. Mas não esse amor que fomos forçados a acreditar, que só seremos felizes se estivermos com alguém.
Sê inteiro! Ame sua própria companhia e o outro será complemento, e não um pedaço. E quando os dois corpos inteiros se unirem, nada sobrará e nem faltará. Sem isso, estamos fadados a sermos eternamente metades trancafiadas em um quarto escuro.

Cotação: 5 estrelas 

P.S: Obrigada ao amigo Jackson pela indicação.

3 comentários:

  1. Tô com vontade de ver depois do seu post (:

    Tem na toca dos cinéfilos?

    :*

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    1. Oi Kate! Esse curta não tem no Toca, quem me passou foi um amigo e ele esta completo no youtube. Aqui esta o link:

      http://www.youtube.com/watch?v=Q047CuS8aoU

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  2. Oi Lidiana seu blog é muito bacana, gostei da resenha interessante a questão do amor romântico ou amor ideal é uma confusão que fazemos , projetar nossos ideais no outro moldar uma pessoas para nos, talvez esse seja o amor banal, gostei desse trecho "Sê inteiro! Ame sua própria companhia e o outro será complemento ...

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