sábado, 26 de janeiro de 2013

Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças - 2004



Joel (Jim Carrey) descobre que sua ex-namorada Clementine (Kate Winslet) submete-se a um procedimento para apagá-lo de vez da sua mente e recomeçar sua vida. Magoado, Joel decide também esquecer Clementine, mas no meio da experiência, enquanto estava inconsciente, ele se arrepende e tenta proteger Clementine nas suas mais vagas lembranças.

“Feliz é a inocente vestal / Esquecendo-se do mundo e sendo por ele esquecida / Brilho eterno de uma mente sem lembranças / Toda prece é ouvida, toda graça se alcança”



Alexander Pope



É com esta maravilhosa citação que inicio esta resenha sobre este filme igualmente maravilhoso dirigido pelo francês  Michael Gondry ( Sonhando Acordado). Brilho Eterno poderia ser mais um filme clichê de hollyoody, mas felizmente foge dos padrões.
Com elenco de peso: Kate Winslet, Jim Carrey, Mark Ruffalo, Elijah Wood, Kirsten Dusnt e Tom Wilkinson, Michael Gondry (que também é um dos roteiristas) nos traz um romance totalmente virado às avessas, podemos dizer que a história de Clementine e Joel começa de trás para frente.
Joel e Clementine aparentemente nada têm em comum a não ser a solidão. Ele é contido, tímido, parece ter receio de viver e ela é espontânea, impulsiva, explosiva! Então, podemos dizer que a máxima que diz que os opostos se atraem funciona? Neste caso sim. Mas por um período curto. Logo os problemas cotidianos, as diferenças de visão de mundo começaram a vir à tona e o que era para ser uma grande história de amor, tornou-se em algo trágico para ambos.
Creio que esta relação nos leva a refletir sobre nossas próprias relações. Toda essa diferença existente entre os casais, que pela falta de compreensão e tolerância acaba sendo vista como defeito imperdoável. Vendo por esse prisma, podemos relembrar a frase de Clementine "não sou perfeita". Joel também não era. Ninguém é! Então, onde esta nossa tolerância com aquilo que à princípio nos encantava, mas agora nos aborrece profundamente.
Acredito que este filme fale sobre ceder. Infelizmente não é todo mundo que esta preparado para se relacionar, visto que isto implica ceder, abrir mão, e o fato é que muitas vezes é mais fácil ficar na zona de conforto e não se arriscar a viver.
E quanto ao esquecimento? Ah como seria ótimo se pudéssemos esquecer tudo aquilo que nos fez mal, as pessoas que nos prejudicaram! Mas não podemos! O mal também faz parte da nossa história. Histórias boas ou ruins fazem de nós quem somos. É nossa história! E o que nos resta é aprender a conviver, perdoar a si próprio e seguir em frente. Clementine apagou Joel da sua mente, mas não conseguiu apagá-lo do seu coração. Não conseguiu ter um envolvimento verdadeiro e íntimo com alguém, e quando Joel decide esquecê-la, ele também começa a se lembrar porque se apaixonou por ela, daí o arrependimento. 
O filme é para quem esta disposto a dar uma segunda chance, a fazer diferente. Porque de nada adianta tirar alguém da sua vida, reatar, e continuar cometendo os mesmos erros. Ninguém é perfeito! Arrependimento é necessário se quisermos dar continuidade com ou sem o ser amado.
Bem,  reflexões sobre relacionamentos à parte Brilho Eterno é um filme sensível, um roteiro bastante criativo que mistura romance, drama, comédia, ficção científica e coloca cada ator no seu devido papel mostrando o que tem de melhor. Aliás, devo salientar que me agradou muitíssimo ver Jim Carrey diferente dos personagens que estamos acostumados a ver: tristonho, enigmático, às vezes mal humorado, Jim Carrey mostra aqui sua faceta dramática. Já Kate Winslet, atriz conhecida por dramas, é extravagante, espontânea, revelando também a atriz completa que é.
Não se esqueça jamais de assistir Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças.



"Eu poderia morrer agora, estou tão feliz! Nunca senti isso antes! Estou exatamente onde queria estar."

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