segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Beleza Americana: A Beleza da Mentira e das Aparências



Em uma cidade no interior dos EUA moram duas famílias: uma delas vive um relacionamento extremamente falso. O casal parece ser dois estranhos, Lester (Kevin Spacey) é um homem conformado com uma vida que nunca quis. Sua esposa Carolyn (Annette Bening) é uma corretora de imóveis que só pensa em ter sucesso profissional, eles têm uma filha adolescente Jane (Thora Birch) que os odeia, sobretudo o pai sem uma razão aparente.
Os novos vizinhos mudam-se e parecem ser também uma família comum. O coronel da marinha Fitts (Chris Cooper) é rigoroso com sua esposa Bárbara ( Allison Janey) e seu filho Ricky ( Wess Bentley), ele mantém a casa como se fosse um quartel general, além de ser homofóbico e opressor.
Certa noite, Lester encanta-se pela melhor amiga de sua filha, Angela ( Mena Suvari), e decide fazer mudanças radicais na sua vida, enquanto Ricky e Jane iniciam um romance.
Filme de 1999 dirigido por Sam Mendes (Foi Apenas um Sonho). Ganhou o Oscar de melhor filme, melhor diretor, melhor ator (Kevin Spacey), melhor roteiro (Alan Ball).
Já mencionei aqui o quanto acho este filme fantástico. Ele consegue tocar na ferida do ser humano de uma forma poética, com um roteiro que simplesmente nos faz ter vergonha de ser quem somos.
Confesso que é preciso sim ter muita sensibilidade para captar as nuances do filme que às vezes podem parecer banais, mas não são. Todo o elenco esta afiadíssimo, mas destaco aqui as atuações de Kevin Spacey que merecidamente ganhou o Oscar, e de Annette Bening que faz o papel da insuportável Carolyn.
Juntos eles formaram um casal que eram dois desconhecidos, Carolyn só se importava com as aparências e Lester estava cansado do emprego e de toda aquela vida rasa que ele levava. Perto da filha e da esposa ele se sentia um perdedor, Kevin Spacey esteve ótimo interpretando o típico homem "preso a algemas".
É interessante observar como a postura de Lester vai mudando ao longo do filme. E quando falo postura, me refiro à postura corporal mesmo. No início vemos um homem meio corcunda, cabisbaixo, e que para ele a melhor hora do dia era quando se trancava no banheiro e se masturbava, parecia que o peso do mundo estava sobre suas costas, um peso que ele era obrigado a carregar, a suportar.
Tudo muda quando ele conhece Ricky, que por ser jovem e desistir de um emprego bem na sua frente,  faz com que Lester começe a repensar sua vida. Mas é em um jogo de basquete, durante uma apresentação de dança da sua filha que ele fica completamente fascinado por Ângela, e as fantasias que ele começa a ter com ela sempre coberta por pétalas de rosas, uma rosa que sua esposa cultivava no jardim e que existe nos EUA, uma flor muito peculiar que não tem espinhos e nem perfume, uma perfeita metáfora do ser humano vazio. Segundo as palavras do próprio Lester: "espetacular".


E é aí que as verdadeiras mudanças começam a acontecer. Lester larga o emprego, começa a malhar e fumar baseado, um homem visivelmente cansado de aparências e que queria viver como se cada dia fosse o último da sua vida.
Todos os personagens têm algo a esconder. Todos vivem de aparências, no entanto, mesmo este sendo o tema central do filme, ele também fala da coragem de recomeçar, de ser transparente.
E quanto ao coronel opressor que vivia dentro do seu mundinho cheio de regras e preconceitos? O que ele escondia debaixo daquela carcaça opressora?
Acredito que este seja o melhor trabalho de Sam Mendes. Roteiro, atuações consistentes, trilha sonora, fotografia, absolutamente tudo se encaixou culminando em uma obra-prima feita exclusivamente para repensar nossa postura diante da vida. Impossível ser o mesmo depois de assistir Beleza Americana.

Link para assistir online: Beleza Americana

Cotação: 5 estrelas



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