sábado, 15 de março de 2014

Heli



Dirigido pelo cineasta mexicano Amat Escalante, vencedor do prêmio de melhor diretor no festival de Cannes de 2013 por Heli, o filme se passa em uma cidade no interior do México dominada pelo tráfico de drogas. O personagem Heli é um rapaz que vive em uma pequena casa com sua esposa, filho, sua irmã Estela de 12 anos e seu pai.
Todos os problemas começam a aparecer por causa do namoro de Estela e Beto, um cadete que se envolve com o traficantes. Heli então vê sua vida mudar drasticamente.
Este é um filme para quem tem estômago forte. Escalante conseguiu produzir um filme que chocou pela sua crueza, não poupou nas cenas de violência nem mesmo com animais, e você assiste àquilo tudo e se pergunta se coisas do tipo acontecem.
Não acho que o diretor tenha querido mostrar o pior do México. Acredito que sua intenção era mostrar o que acontece no mundo inteiro: a garotinha que se apaixona por um rapaz mais velho, sonha em se casar como em um conto de fadas, não mede esforços para ajuda-lo (mesmo que isso implique colocar a segurança da sua família em risco), para só depois perceber que a realidade é bem diferente.
O filme choca em todos os sentidos. A fotografia árida e ácida, a falta de perspectiva dos personagens, até mesmo o tipo físico de Estela. Ela tem corpo de criança, seu namorado já é um homem e quer ter relações sexuais com ela, mas ela não quer. Quer casar. Quer viver um sonho encantado. Sua mentalidade ainda é de uma menina.
Falo de Estela, porque apesar do filme levar o nome de Heli, a história basicamente baseia-se nesse romance idealizado da menina e da violência. Vejo que na verdade, as duas são protagonistas. O que antes era amor e sonho, apesar da pobreza, reduziu-se ao ódio, desespero e sede de vingança.
Escalante não poupou nas cenas de tortura, nem mesmo quando o cachorrinho de Estela é estrangulado bem na sua frente! No entanto, outras cenas poderiam ter sido facilmente descartadas.
Heli é o retrato da pobreza, da violência. Hipocrisia dizer que as cenas são desnecessárias, se convivemos com isso todos os dias. A questão é que fingimos não acontecer. É sim um filme polêmico que eu não indico para todos. Mas ainda assim consigo enxergar beleza em meio ao caos que ainda estou digerindo, porque a arte serve para refletirmos sobre nossa realidade, nosso contexto e nossa própria existência.

Cotação: 3 estrelas

Link para assistir online: Heli

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