sábado, 20 de julho de 2013

Casa de Areia e Névoa e a fragilidade do ser humano


Obra dirigida e escrita por Vadim Perelman (Sem Medo de Morrer), com Ben Kingsley (Behrani) e Jennifer Connelly (Kathy Nicolo) nos personagens principais.
Kathy esta deprimida após ser abandonada pelo marido, e por um erro do governo é despejada da casa que seu pai deixou para ela e para o irmão. A casa então é leiloada e comprada pelo iraniano Behrani com a intenção de vendê-la pelo dobro do preço reconquistando assim a fortuna da família. Kathy e Behrani travam uma disputa pela casa que chega às últimas consequências.
Já perdi as contas de quantas vezes assisti este filme. É simplesmente belíssimo! À princípio pode parecer uma história boba em que duas pessoas brigam por um patrimônio, mas é muito mais que isso.
Com um roteiro aparentemente simples e uma direção competente, Vadim Perelman conseguiu extrair o melhor de Ben Kingsley e Jennifer Connelly: duas atuações irretocáveis e sensíveis. Aliás, todo o elenco esteve muito bem. A esposa de Behrani, Nadi (Shoreh Agdashloo) fez uma bela interpretação de uma esposa submissa, com olhos expressivos e complacentes.
No início do filme vemos a família Behrani desfrutando de suas posses no Irã com seus filhos ainda crianças brincando na praia, e em seguida o casamento monumental da filha mais velha. O então ex-coronel Behrani, sua esposa e seu filho são obrigados a morarem nos EUA já que haviam perdido todo o dinheiro e prestígio com a invasão dos aiatolás. 
Enquanto isso, Kathy esta improdutiva, totalmente entregue à depressão. Nesse momento a câmera mostra a casa completamente suja, louça para lavar, correspondências para abrir e percebemos então que Kathy esta apática ao mundo exterior.
Surpreendida com a chegada de autoridades que a expulsam de casa, Kathy pode contar apenas com a ajuda do subdelegado Lester. Desempregada, sozinha, ela procura uma advogada orientada por Lester para ajudá-la, no entanto Behrani esta decidido a não vender a casa por menos de 140 mil dólares, o que seria menos de um terço do que ele pagou.


Chega a névoa. E com a névoa os problemas de Kathy e Behrani começam. A casa era para Kathy a lembrança de seu pai, para Behrani a oportunidade de recomeçar a vida. Mas a névoa traz consigo novamente o abandono, a desesperança e até mesmo o ex- coronel iraniano se compadece do "pássaro ferido que retorna a sua casa". 
Os sentimentos que antes eram de desprezo e indiferença, agora transformam-se em compaixão e se entrelaçam de tal forma, mostrando a fragilidade do ser humano mesmo diante de um bem material, sim! 
Somos feitos de areia! Todos temos nosso lado frágil, até mesmo o subdelegado Lester que teoricamente seria o protetor de Kathy, o profissional correto, pai exemplar. A névoa e a areia da paixão o derrubaram.
E aí me vem à mente uma frase de Freud: "Somos feitos de carne, mas temos que viver como se fôssemos de ferro."
A vida nos cobra isso o tempo inteiro. Que sejamos de ferro! Mas eu prefiro a frase de José Saramago: "Se tens um coração de ferro, bom proveito! O meu fizeram-no de carne e sangra todo dia"



Cotação: 5 estrelas

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